Você já olhou para o nada e percebeu que não estava pensando em absolutamente nada? Esse fenômeno, conhecido como “mente em branco” (mind blanking), é um estado consciente peculiar no qual a atividade mental simplesmente cessa por alguns instantes. Diferente do devaneio (quando a mente vagueia por pensamentos desconexos) ou de um lapso de memória, a mente em branco é marcada pela ausência completa de conteúdo mental.
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Pesquisadores estimam que entre 5% e 20% do tempo que passamos acordados pode ser ocupado por esses episódios, mesmo que não percebamos. Muitas vezes, a pessoa só se dá conta desse estado quando alguém pergunta diretamente o que ela estava pensando.
Estudos recentes de neurociência têm buscado entender como a mente em branco se manifesta no cérebro. Para isso, pesquisadores utilizaram eletroencefalografia (EEG) para registrar as ondas cerebrais durante diferentes estados de atenção. Esse método permitiu comparar momentos de foco, de mente vagando e de mente em branco.
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Os resultados mostraram que, quando a mente ficava em branco, a velocidade das respostas motoras diminuía e a atividade cerebral apresentava uma desaceleração, distinta daquela observada durante o devaneio. Isso sugere que se trata de um estado mental próprio, não apenas uma distração mais intensa.
Entretanto, o eletroencefalografia não permite identificar com precisão quais áreas cerebrais estão envolvidas, pois capta sinais através do crânio, o que gera um “borrão” nas informações espaciais. Por isso, outra técnica foi empregada: a ressonância magnética, que mede o fluxo sanguíneo para determinar quais regiões estão ativas e como interagem entre si.
O que acontece no cérebro em branco

A ressonância revelou um padrão inesperado: durante a mente em branco, o cérebro apresenta uma hiperconectividade global, ou seja, diferentes regiões passam a se sincronizar de forma semelhante ao que ocorre no sono profundo.
Em condições normais, as áreas cerebrais estão ativas e se comunicam, mas não de forma totalmente sincronizada. Essa sincronização excessiva pode interromper os “pontos ideais” de funcionamento da consciência, resultando na ausência de pensamento consciente.
Esse padrão lembra o estado de sono de ondas lentas, fase em que o cérebro realiza funções essenciais, como economia de energia, regulação da temperatura e limpeza de resíduos metabólicos acumulados.
Uma possível função de manutenção cerebral
Os pesquisadores acreditam que a mente em branco possa funcionar como uma espécie de “mini-reset” do cérebro enquanto estamos acordados. Assim como o sono profundo ajuda na restauração neural, esses curtos períodos de inatividade mental poderiam servir para reorganizar processos internos, preservar energia e manter a saúde cerebral.
Embora possa ser útil para a manutenção do cérebro, esse estado não favorece a execução de tarefas que exigem foco e desempenho constante. Ainda assim, é provável que todos passem por momentos de mente em branco ao longo do dia, mesmo que raramente percebam.
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VÍDEO | Saiba o que acontece com a atividade cerebral quando sua mente fica “em branco”
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