A Nintendo balança entre acertos e erros, com o lançamento de Drag x Drive absolutamente se encaixando na segunda categoria. Ainda que feito cheio de boas intenções e com uma proposta divertida, ele tropeça bastante e não traz uma experiência com o “selo de qualidade” da Big N.
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Na experiência, os jogadores encaram uma disputa de 3 contra 3 (PvP e PvE) em basquete com o uso de cadeiras de rodas. E não para por aí, já que elas são controladas através da função de mouse do Joy-Con 2.
Inicialmente esta proposta me chamou a atenção, mas em momento algum estes aspectos de Drag x Drive se provaram divertidos. No máximo curioso, mas não o suficiente para sustentar o formato de “jogo como serviço”.
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Prós
- Ainda que questionável, o jogo tem estilo
- Gameplay com mouse é extremamente preciso
Contras
- Pouco conteúdo para muito potencial
- Cria uma preocupação extra: que calça/short usar?
- Baixíssima adesão nos servidores cansa a boa vontade
Mundo vazio em Drag x Drive
Logo de cara, Drag x Drive te faz passar por um tutorial extenso que ensina a usar os Joy-Con 2 como mouse para controlar a sua cadeira de rodas. Ainda que útil, acredite, ele vai testar a sua paciência de certo modo.

Alguns minutos depois disso, finalmente os jogadores estão livres para encontrar partidas ou jogar contra bots. No meu caso, a maioria esmagadora das partidas foi contra a própria IA do jogo — já que encontrei pessoas para jogar apenas durante o período de testes no Global Jam no fim de semana.
Fiz questão de testar Drag x Drive em vários horários diferentes, em dias distintos e, quando não era coberto pela etapa beta, via geralmente mais um ou dois jogadores no máximo.
Claro que em testes prévios este tipo de coisa pode acontecer, mas pensando que seu coração está no multiplayer online, não poder vê-lo com frequência na forma como se deve me deixou frustrado.
Dito isso, fora do ambiente das partidas, o jogador de Drag x Drive tem algumas outras opções. Um “time attack” para ver quantas cestas faz em pouco tempo, percorrer o “Park” (o lobby principal) e poder trocar sua skin são as principais opções dentro da experiência.
Porém, você pode percorrer, fazer tudo isso e até jogar contra os bots, mas a sensação de que tudo isso traz um grande vazio é abismal. Talvez com servidores lotados e cheio de jogadores ele se prove diferente, mas não acredito que veremos isso algum dia.
Um aspecto do game que me deixou muito frustrado é a presença de cordas pelo Park, que ficam girando como conhecemos pelas brincadeiras de crianças. Porém, Drag x Drive tem um pequeno problema: sua cadeira de rodas não pula. Não tem botão ou macete para isso. Qual era o objetivo?
A partir deste ponto, você passa a questionar diversas outras motivações que te levam até esta experiência no Nintendo Switch 2. Perguntas como “porque estou jogando ele?” e “porque eu estava empolgado com Drag x Drive?” se passaram pela minha cabeça. E não obtive respostas.
Nem tudo está perdido
O título não é todo este fracasso que dá a entender. A utilização do mouse para comandar a cadeira de rodas é impecável, com uma precisão que me surpreendeu muito positivamente. Não me fez passar raiva ou cometer erros (que não tenham sido causados pela minha falta de coordenação) nenhuma vez.
Claro, a experiência de Drag x Drive cansa. Vai chegar um momento, geralmente depois da 3ª ou 4ª partida, que você sentirá que está na hora de deixar o braço descansando e pulará para outra coisa. Sei que é isso que as pessoas que usam cadeira de rodas passam diariamente, mas elas (e eu) temos de concordar em um aspecto: não é divertido.

Ele abre o precedente para uma preocupação extra que os jogadores devem ter: com que calça ou short jogar? Você pode usar o mouse no sofá, superfícies e locais planos, mas a maior parte do público utilizará em suas próprias vestes. E há uma vasta diversidade de tecidos, com jeans, seda, lycra, lã, tactel etc. Os Joy-Con 2 podem se sair bem com umas, não tanto com outras e você deve escolher bem.
“A única coisa que se espera é que você esteja usando calças ou algo quando jogar Drag x Drive” – Diego Corumba
Personalização podia ser a chave do sucesso
Drag x Drive poderia ganhar o público com a personalização, porém as opções disponíveis são poucas. Você pode trocar o formato e cor de poucos elementos, como o capacete, e é apenas isso. Todo o ambiente do Park é escuro, os trajes por natureza são escuros e a sensação que tive é que não há vida ali.

O ambiente seria propício a um universo muito maior neste sentido, não há razões que impeçam a presença de grafites ali, marcas das rodas pelo chão, cenários mais coloridos e coisas do gênero. A ausência disso é uma escolha que o time de desenvolvimento fez e, sendo honesto, não foi nada boa.
Dito isso, sabe quem faz melhor e sem ter de gastar R$ 120 na eShop? Rocket League. Opções, cores, itens personalizáveis e vida é o que não falta neste sucesso da Psyonix (que está hoje nas mãos da Epic Games).
A partir deste aspecto, entramos em outra grande questão: se Drag x Drive ou outros “jogos como serviço” não trazem um conceito inovador ou algo que fure a bolha, eles serão canibalizados pelo que já está no mercado. Você consegue ver um battle royale surgindo hoje e superando Fortnite?
“Drag x Drive não traz metade do que os títulos free-to-play têm, o que pode afastar muitos jogadores com seu formato pago” – Diego Corumba
Sinto que o mesmo vale para este jogo da Nintendo em comparação a Rocket League. Não dá para bater de frente e, mesmo com conceito diferenciado, é inegável as similaridades entre os dois. Tudo que o público busca em um, o outro já faz de forma mais ampla e sem exigir gastar R$ 1 sequer.
Faltou tempero em Drag x Drive
Drag x Drive tinha um potencial gigantesco de chegar e conquistar todo o público, mas ele é desperdiçado por falta de conteúdo e pelas limitações do seu gameplay.









Levando em consideração que ele tem um formato centrado no multiplayer online, estima-se que seu tempo de vida útil não será tão extenso — o que é uma pena, já que se ele mudasse alguns aspectos poderia se favorecer muito dentro da ideia original.
As partidas me divertiram, o controle se mostrou preciso e eu só queria ter curtido mais — tanto no Park quanto no modo online. No entanto, Drag x Drive precisa comer muito mais arroz e feijão para cativar a sua audiência e, se conhecemos bem a Nintendo, isso não vai acontecer (vide ARMS).
No fim, Drag x Drive me soa como uma excelente proposta que se perdeu em algum lugar do caminho. Só resta sentar e esperar para ver se isso será revertido de algum modo no futuro ou se a Big N deixará mais uma ideia boa com má execução morrer na praia.
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